IN COLORS PROJECT

Quanta nobreza, por Jahid Apu

ARTIGO ESCRITO POR LUMICROMA

AGOSTO, 2022

Uma vénia a quem trabalha de sol a sol. É esta nobreza que retrata “The Red Queen”, que valeu a Jahid Apu, do Bangladesh, o Prémio do Público na primeira edição do IN COLORS PROJECT.
Esconder o rosto foi uma escolha desta mulher. Ao fazê-lo, deixou de estar sozinha na mira do fotógrafo – passou a simbolizar todas as mulheres “invisíveis” que não baixam a cabeça perante as dificuldades do quotidiano.
Em Chandpur, no Bangladesh, há campos de pimenteiros a perder de vista. As suas bagas têm de ser colhidas, secadas ao sol e escolhidas. Muitas acabam moídas. É um processo de produção eminentemente manual, que muitos não aguentariam. Fá-lo quem precisa.

Neste mar vermelho da terra, delicado e intenso, tão forte que desperta os vários sentidos, a tarefa das mulheres é pesada. Por isso Jahid Apu não tem qualquer dúvida, todas as que realizam este trabalho, “do amanhecer ao entardecer, são rainhas”.
“The Red Queen” é um exemplo colectivo de humildade e integridade. Ergue a cabeça por ser “senhora da própria vida”. Não é altivez, mas inteireza de espírito.
Na quinta onde a imagem foi registada, mais de 120 mulheres trabalham na selecção das malaguetas deixadas a secar ao longo de uma semana. Têm de retirar todas as que não estão em boas condições.

Quando perguntámos a Jahid Apu se queria acrescentar alguma informação sobre o local, juntou um dado que raia o absurdo: “Diariamente, estas mulheres recebem menos de 1,00€ (70 takas) ao fim de 10 horas de trabalho”.
Com isto, é difícil não sentir vergonha alheia. É fácil, tão fácil, amar “The Red Queen”.

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