Phú Khánh Bùi
Vietname | N. 1987
“O Vietname é extremamente belo; tem uma cultura e tradições únicas, uma história heróica e um povo amistoso”. A definição é de Khánh Bùi Phú, fotógrafo freelancer empenhado em dar a conhecer o património natural, cultural e humano do seu país.
É mais do que uma paixão. Através da fotografia, Khánh Bùi Phú – que nasceu e vive em Da Lat, cidade da província de Lam Dong – assume o compromisso de proteger um legado tão abundante (de facto, de extraordinária beleza) quanto delicado.
Na sua obra, a realidade parece uma criação de sonho e arte, quase demasiado perfeita. No entanto, o que é mostrado existe. E merece este olhar raro.
Khánh Bùi Phú está duplamente representado na exposição React!, com “In the First Spring” e “Checking Fishing Nets” (Menção Honrosa IN COLORS PROJECT 21-22), fotografias do projecto “Ancient craft of nomadic fishing in Vietnamese rivers and lakes”.
Foto por Phú Khánh Bùi
ENTREVISTA
SENTIR O VIETNAME
Como nasceu a paixão pela fotografia?
Em 2015, ao explorar uma reserva da biosfera nacional, um lago, em apoio a um movimento de conservação da natureza, apercebi-me como o mundo natural é tão belo, majestoso e abundante. O meio aquático, a floresta e as pessoas, as comunidades locais, formam um ecossistema em harmonia, são elementos numa simbiose íntima.
Nesse momento, pensei que seria interessante registar e partilhar toda essa beleza. Isso inspirou-me a estudar fotografia.
Além disso, nasci e fui criado num país com uma longa história cheia de heróis, uma cultura singular. Pela fotografia, procuro também transmitir informação sobre o turismo cultural no Vietname. A intenção é passar a todos uma mensagem única sobre a cultura, a vida, as pessoas e a paisagem do meu país.
Pela experiência de fotógrafo, o que te comove mais?
O meu país saiu de uma guerra, da pobreza, e, passo a passo, está a desenvolver-se. O Estado tem feito muito para melhorar o nível de vida das pessoas, mas, como em qualquer sociedade, haverá sempre ricos e pobres. Já viajei para muitos lugares do meu país, e a vulnerabilidade nunca deixa de comover.
Numa viagem, comoveu-me a história de uma idosa que trabalhou arduamente para criar cinco filhos e tentar proporcionar-lhes uma vida melhor, um bom emprego. Ao invés, os filhos não podiam cuidar da mãe, alimentá-la, pelo que ela, já com uma idade avançada, ainda tinha de apanhar camarões e caranguejos em rios e lagos e cultivar arroz e milho para sobreviver.
Dei-lhe algum dinheiro, apesar de ter pouco no bolso para a minha longa viagem. Foi o correcto. Nos dias seguintes, dormi mal, sentia uma grande tristeza. E lembrei-me dos meus pais. Ainda hoje, ao partilhar esta memória, me emociono.
Há alguma informação sobre o teu trabalho que queiras partilhar?
[sorrisos] Tenho um longo projecto em curso, cumpri uns 70% do caminho. As fotografias seleccionadas no âmbito do IN COLORS PROJECT by Lumicroma fazem parte desse projecto, ao qual me dedico há mais de quatro anos. Intitula-se "Ancient craft of nomadic fishing in Vietnamese rivers and lakes".
Já o deveria ter terminado, mas a pandemia tornou-o realmente difícil de cumprir, em termos financeiros. É quase risível, mas a verdade é que, actualmente, debato-me com dificuldades financeiras para continuar os meus projectos...
CREDENCIAIS
Menção Honrosa, In Colors Project – REACT! by Lumicroma, Portugal
Second award (Silver medal): The Independent Photo Award - Emerging Talent Award
2021
Winner (Gold medal), Gump Photo contest, Hong Kong
Winner (Gold medal), Shoot The Frame, September international competition
Winner (Gold medal), UNPUBLISHED PHOTO, searching for new talents and new art forms around the world by the Musec Lugano Cultural Museum (Switzerland) and the 29 Arts In Progress Gallery, Italy
Second award (Silver medal): Highly Commended badge awarded by Siena Award
Second award (Silver medal): ND Photo Awards (Travel/Culture);
Second award (Silver medal): RPS - The Royal Photographic Society in IGPOTY photo contest - International Garden Photographer of the Year, UK;
2018
Winner (Gold medal), Ikei Photo contest, Spain
In Colors Project – REACT! by Lumicroma, Portugal
Musec Museo Lugano Cultural Museum, Switzerland
Exposições Lumicroma
IN COLORS PROJECT | REACT!
React! é um retrato da condição humana e da perceção do mundo, mostrando distintas velocidades, múltiplas realidades, encontros e desigualdades, tantas e t ... Ler Mais
React! é um retrato da condição humana e da perceção do mundo, mostrando distintas velocidades, múltiplas realidades, encontros e desigualdades, tantas e tantas reações.
A vastidão a que se abria o tema está representada neste conjunto de 50 obras de fotógrafos de 22 nacionalidades. React! a quê, de que perspectiva? A possibilidade de infindas interpretações espelha-se numa exposição em que a reação tanto está na própria “cena” fotografada como na impressão de quem a fotografou e, ainda e sempre, no olhar de quem aprecia a fotografia.
Nesta abrangência, encontra-se a imagem do tempo e do lugar – de muitos lugares e de muitas qualidades de tempo. Há a beleza de momentos, espaços, culturas e tradições. Há toda uma escala de emoções. Há a poesia de paisagens e a destruição que faz a guerra. Há fantasia nos cenários improváveis. Há preocupações globais, instantes pessoais. Às vezes, o peso da existência; às vezes, a leveza do riso sobre a morte.
Fica, ainda, a certeza de um mundo caleidoscópico, em permanente mudança, para as histórias se repetirem. Porque o homem repete-se. Fica, também, o continuum da vida. Está nos rostos de muitos. Está nas cores. Está na luz do preto e branco. Está no instinto. Na vontade. No que se perde, no que se conquista.
IN COLORS PROJECT | HOME
Com HOME, o tema da 2.ª edição do IN COLORS PROJECT, lançámos a fotógrafos de todo o mundo um desafio feito de matéria sensível. Queríam ... Ler Mais
Com HOME, o tema da 2.ª edição do IN COLORS PROJECT, lançámos a fotógrafos de todo o mundo um desafio feito de matéria sensível. Queríamos tudo da fotografia – o acto artístico e emocional, o ato consciente e político, a luz e a sombra. O resultado é uma exposição que manifesta, no mesmo sangue, múltiplas realidades.
Em 74 fotografias, 32 autores de 14 nacionalidades dão-nos o mais pungente retrato do que somos, do que fazemos e no que estamos a falhar. Porque HOME tem sorrisos e feridas expostas. Mostra o sentido de pertença e a absurda falta de chão. É o manto humano de mil retalhos a que todos pertencemos.
Esta é a nossa Casa. E não vale fechar os olhos.
IN COLORS PROJECT – uma iniciativa sem fronteiras da Lumicroma – reclama a importância da fotografia como registo sociocultural e intervenção artística. Pela convergência de experiências, estéticas e visões, visa traçar, anualmente, a grande imagem do tempo em que vivemos.
AUSCHWITZ: TRAÇO(S) DE UMA HERANÇA
Auschwitz: Traço(s) de uma herança é um projeto que utiliza a fotografia como meio de criar uma ligação entre o passado, o presente e o futuro.
Manter viva
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Auschwitz: Traço(s) de uma herança é um projeto que utiliza a fotografia como meio de criar uma ligação entre o passado, o presente e o futuro.
Manter viva a memória apela à reflexão e à vigilância e incentiva o empenhamento das gerações futuras, para que, através delas, possam ecoar as vozes dos sobreviventes, que em breve deixarão de ser ouvidas.
Conhecemos a história, vimos os filmes e lemos os livros. Sempre nos disseram que Auschwitz é o verdadeiro símbolo do Holocausto, uma vez que ali foram assassinados mais de um milhão de judeus. Uma fábrica de matar pessoas! Ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová e dissidentes políticos também sofreram neste lugar sombrio.
Lemos sobre as experiências hediondas levadas a cabo por Mengele em Auschwitz. Vimos fotografias dos sobreviventes, dos cadáveres, dos crematórios, dos objectos pessoais abandonados. Iniciámos a nossa viagem à Polónia com o pensamento de que estaríamos preparados para enfrentar o centro interpretativo do Holocausto e, através dele, encontrar a resposta à nossa inquietação: como é que isto foi humanamente possível?
Durante a viagem, voltámos a visitar aqueles com quem já tínhamos partilhado o sentimento do campo de concentração. Todas as páginas, testemunhos e rostos permaneceram bem vivos na nossa memória.
Chegámos, a presença em Auschwitz ultrapassa-nos!
Nenhuma memória, lida, estudada, vista ou ouvida pode ser comparada com o facto de estarmos ali mesmo. No silêncio ensurdecedor daquele lugar, que carrega em si a imensa perda do sentido humano, ganha força a pergunta de Theodor Adorno: Como é possível fazer poesia depois de Auschwitz?
PARAÍSO DE COURA
O olhar de Alfredo Cunha, atento e acutilante, documenta esta magia, este espírito de irmandade, esta felicidade colectiva. A alegria do público e a euforia das bandas, que jamais esq ... Ler Mais
O olhar de Alfredo Cunha, atento e acutilante, documenta esta magia, este espírito de irmandade, esta felicidade colectiva. A alegria do público e a euforia das bandas, que jamais esquecem aquela parede humana de cortar o fôlego e a forma generosa como são recebidos. Capta a doçura, a serenidade, a mais profunda paz, o amor partilhado, o respeito, o maravilhamento, a energia ímpar do rio Taboão, contrapondo com a exaltação, a apoteose, a celebração e a alegria, essa emoção sagrada que Almada Negreiros disse um dia ser «a coisa mais séria da vida».
Precisamos, ano após ano, do Festival Paredes de Coura, para recarregar as baterias da paixão, afastar a mediocridade dos dias mais cinzentos, curar as moléstias da tristeza que nos empalidece e afugentar o caruncho citadino que se entranha nos ossos. Para nos abastecermos de beleza, de euforia e da mais profunda paz, em divina comunhão com a natureza. Em peregrinação, num perpétuo regresso à magia.